terça-feira, 10 de outubro de 2017

A Fazenda Atalaia de Amparo

Sede da Fazenda Atalaia em Amparo, no interior de São Paulo.
Sede da Fazenda Atalaia em Amparo, no interior de São Paulo.

Sou uma pessoa inconstante quando o assunto é fazer exercícios físicos. Com certa frequência eu os faço, mas nunca numa rotina muito longa: vou alternando as temporadas. As vezes ando de bicicleta, as vezes vou até a academia, faço natação e por fim faço minhas caminhadas.

Numa delas, durante o entardecer, fui parado por uma Fiorino. O senhor de cabelos brancos e bigode ralo queria saber onde ficava o Hotel Vitória. Não estava longe para ir a pé, mas de carro era preciso contornar um bairro inteiro.

- Me dê uma carona e te levo até lá.

Era o que ele queria ouvir, pois estava perdido e notei que não conseguia assimilar minhas instruções.

- O que você precisa fazer no Hotel?

- Estou levando uma encomenda de queijos.

Ele era motorista da Fazenda Atalaia, de Amparo. Foi a primeira vez que ouvi falar dela.

Dias depois, estou zapeando a TV no domingo de manhã e, numa reportagem do Globo Rural, vejo o arquiteto Marcos Tognon falando da técnica de taipa e pilão que estava sendo usada para restaurar as instalações da Fazenda Atalaia.

Mundo pequeno: conheci ele numa viagem para a Itália em 1998 - faz tempo.

Fiquei com esse lugar na cabeça. "Taí, num domingo qualquer vou conhecer a Fazenda Atalaia" - pensei.

Esse domingo chegou. Saímos de Paulínia, paramos para almoçar em Holambra e cortamos caminho por Santo Antônio de Posse para chegar em Amparo no começo da tarde. A Fazenda Atalaia fica na estrada para Itapira.

Na minha cabeça era um lugar imponente, repleto de árvores frondosas. Mas fora o cheiro de estrume do gado, que já era esperado, me deparei com um espaço ainda decadente, que a TV tinha pintado com cores mais promissoras. Tem muita coisa para ser reformada na Fazenda, mas o laticínio já estava funcionando.

Fomos bem recebidos pelas funcionárias do local. Havia queijos, bolos e doces para vender - por preços salgados. Uma lasca de queijo premiado custava R$ 46,00. Preferi levar um pote de doce de leite e um bolo de maçã por R$ 50,00. Pedi CPF na nota fiscal, mas elas simplesmente não trabalham com nota.

Estacionei meu carro perto daquela Fiorino, na qual havia pego uma carona. Porém, o tiozinho não estava lá.

- Dentro de uma hora faremos um tour histórico com um guia pela Fazenda - disse a vendedora.

- Não podemos esperar. Estamos de passagem - respondi

Calculei que nesse tempo estaria de volta em Paulínia, para comer aquele bolo de maçã na casa de meus pais. Já estava contando com o café na mesa da cozinha.

E o bolo estava muito bom. Por causa dele voltaremos um dia para buscar mais coisas da autêntica roça paulista.

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4 comentários:

  1. Tosetto, Meu querido. Esses seus artigos são muito inspiradores. Estou pensando em dedicar um domingo de cada mês para fazer visitas em sítios turísticos ou históricos aqui da nossa região.

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    1. Caro Padilha, no interior de Santa Catarina devem ter vários tesouros esquecidos, esperando a visita de alguém ou a iniciativa de outros para restaurar parte do patrimônio histórico.

      De minha parte, procuro tirar minha filha da TV e do smartphone e tento mostrar algo novo para ela a cada passeio.

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  2. Amigo, estive lá esses dias, é muito mais valioso que as instalações, o cheiro de estrume ou o cpf na nota e a história contada pelo Paulo, que passou toda sua infância na fazenda, que você tenha a oportunidade de ouvir e conhecer mais sobre queijos, com certeza terá outra leitura, e provavelmente a verdadeira.

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    1. Olá Ricardo, não fiz juízo de valor sobre o cheiro do estrume e sobre a falta do CPF na nota. Fiz apenas um relato.

      Pessoalmente fui criado visitando áreas rurais de parentes, então o odor do estrume até me traz boas lembranças. Com relação ao CPF na nota, acho bom o responsável providenciar isso, pois eu comentei a falta num blog sem audiência: pior seria se eu fosse um ignorante "casca grossa" que reclamasse disso pessoalmente, na frente dos outros clientes.

      Tem muita coisa para melhorar no lugar: o acesso na margem da rodovia, estacionamento, sanitários... a lista é grande. Considere isso uma crítica construtiva. Só a boa vontade dos amigos, relevando as lacunas, não é suficiente.

      Voltarei um dia em Amparo torcendo pelo crescimento do empreendimento. Se não fosse assim, sequer teria reservado um tempo para escrever sobre isso. O potencial existe, com certeza.

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