Queria ter mais tempo para andar de bicicleta e sair por aí fotografando as coisas. Queria ter mais tempo para escrever e organizar as ideias, para que elas não parecessem meros devaneios. Queria ter mais tempo para dividir com os amigos as coisas que venho aprendendo ao longo da vida.
Tempo é o que não falta para o lento processo de decadência do centro de São Paulo. Reparem neste estacionamento que fica perto da Estação da Luz. Um olhar mais atento para as estruturas aparentes revela que aquele espaço já foi coberto e provavelmente já foi uma fábrica.
Reparem na viga em primeiro plano, em formato de calha, que um dia já recebeu a água da chuva de dois panos de telhados. A viga acumulou tanta poeira que se tornou uma jardineira suspensa, onde ervas daninhas nasceram e crescem devagar.
Schopenhauer já dizia que a vida é um pequeno hiato entre duas eternidades. Todo o tempo que falta para este hiato, sobra nas eternidades. Que nossos hiatos sejam repletos de coisas boas - que reverberem, mesmo que anonimamente, pela segunda eternidade.
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