O ano de 2016 será histórico para o continente europeu. Num plebiscito severamente disputado, os eleitores do Reino Unido votaram pela saída do Facebook (leia-se União Europeia) para ter o próprio blog de novo, com suas próprias leis e suas próprias cores ao invés do azul claro pasteurizado que identifica o perfil de italianos, franceses, alemães, gregos e troianos.
Muitos europeus questionaram: "Como assim, você está saindo do Facebook? Muita gente ansiou para entrar aqui!"
É verdade, no começo do Facebook (União Europeia) ter um convite (um passaporte) para participar da rede social favorecia a livre circulação por todo o ambiente (continente). Porém, a maior parte dos britânicos percebeu que isso não é tão cool assim.
Você produz conteúdo (seja um texto, um vídeo, um carro de Fórmula 1 ou um documentário da BBC) e o Facebook relaciona ele com links patrocinados, sem te consultar. São aqueles burocratas belgas, intervindo na sua economia. Na sexta-feira, antes de postar qualquer coisa, o Facebook te recomenda saudar a chegada do fim de semana, pouco se importando se algum britânico (e talvez você mesmo) gosta de trabalhar no fim de semana.
Muita gente no próprio Reino Unido reclamou da saída do Facebook. Afinal de contas, manter um blog aparentemente dá mais trabalho: é preciso aliviar o arquivo da imagens para elas carregarem mais rápido nas telas dos navegadores, quando o Facebook faz isso automaticamente. A formatação do texto fica por sua conta e parece mais complicado para receber um comentário. Fora que postar por celular é pouco prático.
Mas agora a decisão está tomada. Quem quiser visitar o blog do Reino Unido terá que deixar o ambiente do Facebook. Isso tem seu lado positivo: veremos que há vida inteligente fora da União Europeia e outros países já estão se coçando para voltar a ter seu blog, também. Num blog, cada pais escolhe se quer ter propaganda na barra lateral ou não. E se tiver propaganda, o dono do blog ganha também.
Quem edita o próprio blog possui acesso completo às estatísticas dos visitantes e pode moderar comentários antes deles serem publicados. Tudo o que o Facebook não nos deixa fazer. Para aumentarmos o número de leitores, temos que pagar. Onde está a livre circulação e o livre comércio nisso?
O mundo sem fronteiras, unificado em torno de um império, é uma utopia assustadora sonhada por megalomaníacos como Napoleão e Hitler - e os britânicos, como sempre, resistiram bravamente. Orkut e MySpace já tentaram isso na Internet antes. O que o Facebook e a União Europeia fazem agora, é travestir isso numa linguagem pacífica e amigável, sem o rosto de um tirano em cada moeda. Isso não quer dizer que seja saudável a longo prazo.
Então: já considerou a possibilidade de se alistar no exército da resistência?
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Mas que texto excelente!!!! Parabéns Jean!
ResponderExcluirObrigado, Mirella. Como você constatou, decidi escrever para o meu próprio blog. De agora em diante, pretendo usar o Facebook apenas para comunicar sobre meu conteúdo fora dele. E logicamente respeito a opinião da maioria dos eleitores britânicos. Abraços!
ExcluirÓtimo texto, confirma algo que estou à aprender, por mais que soe bem ter alguém pra cuidar de tudo pela gente, nada melhor que sermos donos de nosso próprio nariz.
ResponderExcluirVocê captou o espírito da metáfora, caro Ader. Grato pela leitura!
ExcluirPerfeitamente, Jean. Eu já estou no EXÉRCITO DA RESISTÊNCIA faz muito tempo, como já escrevi aqui: http://www.eniopadilha.com.br/artigo/5702
ResponderExcluirCaro Ênio, coloquei o link do seu artigo na frase final do meu texto. Estamos junto nessa, Capitão!
ExcluirTô precisando tomar mais chá Twinnings sabor "vergonha na cara"... valeu o estímulo!
ResponderExcluirSem açúcar, de preferência. Grato!
ExcluirArrasou Jean! Visão perspicaz e estimulante para leitores como eu ainda precisa aprender muito sobre tais macetes do mundo digital.
ResponderExcluirDá pra ter vida profissional próspera e justa sem o poderoso Facebook.
Abração e parabéns!��
Caro Rogério, num blog fica mais fácil revisitar textos mais antigos. No Facebook não dá para pesquisar termos internos. Abraço!
ExcluirParabéns Jean!
ResponderExcluirSeu texto nos faz olhar que tem vida "fora da caixa". Cada dia mais parece o Facebook vem "controlando" nossas vidas. Facebook é só o carro chefe, uma vez que o grupo adquiriu ao longo dos anos empresas como Instagran e WhatsApp. Seu texto se aplica à eles também, uma vez que a popularidades desses aplicativos é tão massiva que mesmo aparecendo aplicações mais com características mais valiosas, as pessoas preferem ficar unidas onde "onde estão".
abraços
Olá! Tomei a decisão de não mais escrever no Facebook, mesmo sabendo que terei bem menos "curtidas" apenas publicando os links para o conteúdo que produzo fora dele. É irônico: já estamos no ponto onde não podemos mais ignorar o Facebook, mas podemos aprender a lidar melhor com ele, que sabe muito bem atiçar o ego das pessoas.
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